A nova BNCC: o que muda para as escolas?

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento elaborado para orientar o ensino no Brasil, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Mas não é uma grade curricular pronta, com normativas específicas, e sim um guia orientador que estabelece os objetivos de aprendizagem correspondentes a cada etapa escolar, considerando igualmente as particularidades (metodológicas, sociais e regionais) de cada localidade e que serve tanto para escolas públicas quanto privadas.

Ela norteia o desenvolvimento de um currículo pelas próprias unidades escolares, de acordo com as estratégicas definidas em seus projetos político-pedagógicos, desde que estejam alinhadas à BNCC. A sua implementação ainda está em curso e enfrenta atualmente desafios relacionados não apenas à extensão e diversidade do território nacional, mas, sobretudo, às medidas sanitárias preventivas impostas pela pandemia da Covid-19, tais como a interrupção ou supressão das atividades escolares presenciais.

A BNCC define, entre outros parâmetros, um conjunto de dez competências a serem desenvolvidas pelos estudantes, operando como um verdadeiro fio condutor ao longo de toda a Educação Básica. Uma competência, segundo a perspectiva adotada pela BNCC, nada mais é do que a “mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da vida cotidiana, do exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. Dessa forma, o caráter transversal e amplificado das competências atua como uma bússola orientadora para o desenvolvimento de currículos em consonância com os projetos político-pedagógicos de cada sistema e unidade de ensino.

Esse modelo menos engessado possibilita não apenas adequações às diversidades sociais e regionais, como também a reformulação curricular frente aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. Em relação ao Ensino Médio, a BNCC introduz a possibilidade de o próprio estudante percorrer itinerários formativos diversificados, com uma carga horária mínima obrigatória aliada a uma formação com foco em áreas específicas do seu interesse, valorizando o protagonismo juvenil e estimulando a interdisciplinaridade do ensino nos chamados “projetos de vida”.

Agora se você está preocupado que a Base Nacional Comum Curricular tire a autonomia dos professores, impedindo que eles inovem e façam aulas diferenciadas, pode ficar bem tranquilo. A BNCC estabelece um objetivo de chegada para o aluno, especifica o que se espera que ele aprenda, mas não diz o “como”. O professor continua tendo liberdade para montar as aulas, só é preciso que o conteúdo esteja alinhado ao novo currículo.

Competências da Base Nacional Comum Curricular

A Base Nacional Comum Curricular estabelece 10 competências, que são conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que devem ser estimulados para a resolução de questões complexas da vida cotidiana e o pleno exercício da cidadania e do trabalho. O objetivo é que essas competências afirmem valores e estimulem ações que contribuam para a transformação da sociedade, buscando que seja justa, humana e voltada para a preservação da natureza.

Confira as competências:

1 – Conhecimento

Essa competência trata do uso do conhecimento geral, seja ele histórico, científico, cultural, social ou digital. Ela deve permitir que o mundo seja compreendido em um aprendizado contínuo, para que o estudante possa atuar colaborativamente na construção de uma sociedade mais justa.

2 – Pensamento científico, crítico e criativo

Busca desenvolver o senso crítico, a criatividade, a curiosidade, a autonomia e a capacidade de discernimento. Estimula o aluno a questionar, a interpretar, a investigar causas, a testar hipóteses e a fazer deduções lógicas.

3 – Repertório cultural

É a competência que visa a construção da identidade do estudante, habilitando-o a compreender a própria cultura e a de outros povos e incentivando-o a valorizar e a criar arte e cultura.

4 – Comunicação

Refere-se ao uso de diferentes linguagens para que o estudante tenha a capacidade de entender o mundo ao redor e se fazer entender também. Essa competência passa inclusive pela questão de linguagens tecnológicas, algo que já é uma realidade do nosso dia a dia.

5 – Cultura digital

Visa habilitar o aluno para a compreensão e o uso de tecnologias de maneira ética, permitindo que busque informações, resolva problemas e construa conhecimento. Passa por diversas disciplinas, da matemática à linguística.

6 – Trabalho e projeto de vida

Permite que o estudante possa planejar o seu projeto de vida e trabalho, usando todos os conhecimentos adquiridos para a tomada de decisões com liberdade e responsabilidade, tornando-se o autor da própria história.

7 – Argumentação

Desenvolve a capacidade argumentativa, permitindo que o aluno tenha a habilidade de buscar fatos e evidências sólidas para embasar ideias e pontos de vista, sempre tendo em mente a ética e a consciência ambiental.

8 – Autoconhecimento e autocuidado

Objetiva tornar o estudante capaz de conhecer a si próprio, apreciar-se, entender as próprias emoções e saber como manter-se saudável tanto física quanto mentalmente.

9 – Empatia e cooperação

Essa competência diz respeito ao aprendizado da não-violência. Ele ocorre por meio do estímulo à empatia, da construção de um sentimento colaborativo, da valorização da diversidade, do combate ao preconceito de qualquer natureza, do respeito mútuo e da busca pela resolução de conflitos.

10 – Responsabilidade e cidadania

A última das competências trata da responsabilidade social, e busca a formação do estudante como um cidadão consciente e responsável. Visa conscientizá-lo para que tome atitudes éticas, solidárias, democráticas, sustentáveis e inclusivas.

Como trabalhar na prática?

O professor precisa mudar a sua forma de atuar. Não basta mais colocar conteúdo no quadro, explicar o que está escrito e depois cobrar resultados em exames. É necessário provocar reflexão, fazer com que os alunos pensem, identifiquem a situação, trabalhem em conjunto.

Numa aula de matemática para o Ensino Médio, por exemplo: ao trabalhar com resolução de problemas, o professor pode incentivar que, em grupos, os alunos tentem encontrar a melhor forma de solucioná-lo. É importante valorizar tanto a estratégia proposta pelos alunos, quanto a forma de comunicá-la ao restante da classe. Dessa forma, ela os ensina a compreender o problema, e a se fazer compreender ao expor a solução – duas habilidades que são importantes para a vida.

Ao trabalhar o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, o professor transforma a sala de aula num imenso laboratório da vida, onde simula situações reais do cotidiano para usá-las como ferramentas de aprendizagem. Mas para trabalhar dessa forma, ele precisa de formação e de estrutura para colocar os ensinamentos em prática.

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