As tecnologias da informação estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano. No ambiente educacional isso não é diferente, pois as novas gerações já são nativas digitais. Ao longo dos anos a forma tradicional e presencial de ensino começou a ser modificada. Os novos meios de aprendizado, seja por meio da Educação à Distância (EaD), aula invertida ou com o auxílio de softwares para plataformas digitais começaram a ganhar destaque para novos perfis de alunos. Assim, o estudante ganhou a opção de estudar onde quiser e quando quiser, usufruindo pedagogicamente da cibercultura para aprimorar os seus conhecimentos.
Com a invenção da escrita o conhecimento começou a ser transmitido de forma mais rápida. Essa velocidade aumentou significativamente com a invenção da prensa por Gutenberg. A impressão acelerou a transmissão e a globalização do conhecimento, que agora pode ser traduzido e impresso em outras línguas bem como ser difundido por todo o mundo.
A informática revolucionou novamente a forma de processar e transmitir informações com mais rapidez e confiabilidade em um novo meio de comunicação: a internet, também chamada de “ciberespaço”.
A cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelo uso das tecnologias digitais em rede nas esferas do ciberespaço e das cidades. Na atual sociedade, denominada “sociedade da informação”, constituída por influência decisiva dos meios de comunicação, as culturas, os processos educacionais e as competências requeridas passam por uma crise de significados sem precedentes. Neste contexto, damos destaque à forma quase instantânea com que o conhecimento é compartilhado através da internet. Tais informações não se atêm somente à palavra escrita, mas também, gráficos, som ou imagens, arquivos de áudio ou vídeo. Elas transformam nossa relação com o espaço e com o tempo numa velocidade nunca antes vivenciada, dando-nos uma nova percepção de mundo, no qual nossos relacionamentos, inclusive com os saberes, convertem-se em espaços de fluxos, criando e desfazendo verdades, competências e habilidades.
O progresso atual em que se encontram as tecnologias da informação e da comunicação apresentam um novo posicionamento tanto cultural quanto educacional. O efeito dessas transformações cada vez mais velozes reflete-se na educação: tudo está disponível na internet e ao alcance dos alunos. Basta um clique e somos soterrados por infinitas páginas com diversos vínculos sobre um mesmo assunto. E, nesse sentido, qual passa a ser o papel do professor em sala de aula?
Para responder essa pergunta é preciso entender dois tópicos: o aprendizado em árvore e o aprendizado por hipertexto. O aprendizado em árvore corresponde ao modelo tradicional de transmissão de conhecimento: existe uma ordem de apresentação do contexto, que é hierárquica e linear, partindo sempre de uma mesma fonte ?do professor para o aluno. O aprendizado por hipertexto, ao contrário, é dinâmico. O hipertexto, que segue a lógica da internet, propõe conexões múltiplas e aceita o debate ? o professor deixa de ser o centro do processo para se tornar parte dele.
O aprendizado por árvore é o aprendizado de massa, ao passo que o hipertexto cria vínculos e interação, de forma que um assunto nunca se encerra em si mesmo, mas funciona como porta de entrada para vários outros. O ciberespaço e sua lógica de hipertexto aumenta o potencial de inteligência coletiva dos grupos. E há uma conexão espontânea e interativa nesse ambiente muito distante da impessoalidade que pensamos existir nas redes digitais: a comunicação no ciberespaço é natural porque o indivíduo se enxerga enquanto ator na narrativa digital.
E então, a cibercultura tornará o professor um profissional obsoleto? Longe disso. Uma discussão semelhante aconteceu no mercado editorial poucos anos atrás: com o surgimento dos livros digitais muitos especialistas profetizaram a morte dos livros físicos, livrarias e bibliotecas. O que, como pudemos acompanhar, não aconteceu. Assim como o livro digital não destronou o livro físico, a cibercultura não anuncia o fim dos professores, mas aponta para uma mudança necessária nos padrões de aula e transmissão do conhecimento: o papel do professor será mediar esse oceano de conhecimento à disposição dos alunos, funcionando ao mesmo tempo como filtro e condutor de debates, ao mesmo tempo em que enfrenta o desafio de desenvolver as habilidades individuais e coletivas da classe.
Neste ponto é necessário destacar que a cultura digital faz parte das competências gerais exigidas pela Base Nacional Comum Curricular. Ou seja, a BNCC reconhece o papel da tecnologia na formação educacional. Assim, o estudante deverá dominar o universo digital, fazendo dele uma ferramenta de uso qualificado e ético, ciente de todos os impactos da tecnologia em sua vida e na sociedade.
É claro que não podemos negar os diversos desafios enfrentados pelos professores no atual cenário da educação nacional. Assim, ao abordar a cibercultura na educação, é preciso apontar também as garantias mínimas de formação, qualidade, recursos, infraestrutura, entre outros. Recursos estes que deverão preparar as crianças, adolescentes jovens que estão nas escolas a enfrentar as demandas de um futuro (e, por que não, presente?) hiperconectado, instável e mutável.