Como garantir um retorno às aulas seguro no pós pandemia

Após vários meses paradas, as escolas terão que se adequar aos novos tempos. Segundo uma pesquisa da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, o coronavírus deve continuar circulando pelo mundo pelos próximos dois anos. Isso significa que, mesmo que a pandemia retroceda no Brasil, o retorno das aulas presenciais exigirá o máximo de cautela para que este ambiente não se torne um foco de transmissão da doença.

Assim como tem acontecido em outros países, por aqui também serão necessárias diversas adaptações na infraestrutura das escolas para torná-las mais seguras, além do desenvolvimento de ações junto às famílias dos estudantes para orientar sobre a nova realidade escolar e cuidados com questões socioemocionais que possam impactar o aprendizado.

Suspensas desde março de 2020 por conta da pandemia da COVID-19, as aulas presenciais das redes públicas de ensino permaneceram em regime remoto na maioria dos estados brasileiros até o segundo trimestre de 2021. Atualmente, os estados brasileiros estão divididos no que se refere às aulas presenciais ou híbridas. Os estados das regiões Sul e Sudeste, de forma gradual e escalonada, já retomaram ou estão retomando as aulas presenciais no modelo híbrido. Contudo, os estados das regiões Centro-Oeste e Norte ainda não retornaram às aulas de forma presencial nem híbrida, e ainda apresentam defasagem comparados aos estados de outras regiões. Ainda que parcialmente, em junho de 2021, todos os estados iniciaram a vacinação dos profissionais da educação, no entanto o atraso da entrega de novas doses impediu que as vacinas chegassem até a população mais jovem. Portanto, é preciso adotar algumas medidas de segurança para que o retorno aconteça de maneira segura e tranquila. Além do uso de máscara, álcool em gel e do distanciamento social, ficar de olho no trabalho feito por outros países pode ser uma alternativa para tranquilizar as famílias.

Como implementar esse retorno com segurança?

Uma das principais preocupações dos órgãos educacionais é um possível aumento da evasão escolar, o que se deve ao longo período de paralisação das aulas presenciais. Ainda que as redes de ensino estejam oferecendo aulas remotas, esse será um grande desafio a ser enfrentado.

Diante disso, o papel dos diretores escolares se torna ainda mais importante no pós pandemia, sendo preciso criar planejamentos focados em diminuir os prejuízos na aprendizagem dos alunos e que consigam engajá-los mesmo em tempos difíceis.

Como preparar a comunidade e os colaboradores?

É certo que a escola não vai ser o mesmo ambiente deixado pelos estudantes no mês de março de 2020. Agora, será necessário cumprir uma série de regras indispensáveis para a manutenção da saúde e bem-estar de toda a comunidade escolar.

Por isso, antes mesmo de os estudantes voltarem para a escola, é importante enviar informativos para as famílias e colaboradores sobre os novos comportamentos exigidos nesse espaço.

Uma cartilha elaborada pela equipe técnica do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e em parceria Mauricio de Sousa Produções, visa auxiliar as escolas na didática do retorno às aulas presenciais em todo o país.

O arquivo, nomeado “Cuidados na Escola“, traz os personagens da Turma da Mônica esclarecendo os protocolos necessários para uma volta às aulas presenciais de forma mais segura. O arquivo está disponível para download gratuito e nele constam diversas orientações em tom divertido focadas na prevenção do novo coronavírus.

Além disso, é recomendado aplicar uma avaliação de nivelamento para saber o quanto os alunos aprenderam durante as aulas remotas. A partir daí os professores poderão preparar as suas revisões de conteúdo conforme a necessidade das turmas.

Desinfecção da escola

As medidas extras de limpeza nas escolas são uma das regras mais comuns. Desinfetar os ambientes antes dos alunos chegarem é o primeiro passo, assim como durante o período de permanência deles na instituição. Em diversos locais que já voltaram às aulas presenciais é comum limpar maçanetas, interruptores e banheiros várias vezes durante o dia.

Medição de temperatura

Ao chegar na instituição é obrigatório que o estudante meça a temperatura, já que a febre é um dos sintomas mais comuns do Covid-19. Essa medição deve ser refeita durante os intervalos também.

Uso obrigatório da máscara

Assim como nas ruas, o uso obrigatório da máscara continua dentro da sala de aula. Apesar do distanciamento de 1,5 metro entre as carteiras que é recomendado no Brasil, os alunos também precisam usar máscaras. Além disso, os pais devem enviar máscaras reservas para que os estudantes possam trocá-las durante o dia. Essa é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde.

Revezamento em aulas presenciais

Por conta do distanciamento necessário entre as cadeiras, o espaço para os alunos fica limitado dentro de sala. Por isso, a recomendação é que as turmas sejam divididas em mais salas ou faça um revezamento entre os grupos de estudantes, com horários diferentes de entrada, saída e recreio.

Para as escolas que não possuem espaço físico com muitas salas, uma boa saída é adotar o rodízio de alunos de 15 em 15 dias, alternando o grupo que terá aula presencial. Enquanto isso, o restante assiste as aulas normalmente de casa.

Lavagem das mãos

O incentivo à higienização das mãos e objetos deve ser intensificado neste período. É importante que os alunos lavem as mãos ao chegarem e saírem da instituição, por exemplo, e fazer a assepsia antes das refeições.

Sala sempre arejada nas aulas presenciais

Outra medida extremamente importante para manter o ambiente saudável neste período é deixar as salas bem arejadas. As janelas devem ficar abertas e o ar condicionado ser desligado. Já os ventiladores devem continuar funcionando.

No caso das portas, é preciso mantê-las abertas antes dos alunos chegarem na instituição, durante os intervalos e recreios e depois da saída dos estudantes. Se for possível, durante as aulas também.

Grupos de risco afastados

Asmáticos, diabéticos, hipertensos, idosos e todos que pertencem ao grupo de risco devem ser afastados das funções ou trabalhar em casa. A medida é uma forma para que o grupo não fique exposto a doença. Vale lembrar que mesmo aqueles que já tomaram as duas doses da vacina ainda estão suscetíveis ao contágio e transmissão da covid-19.

A decisão final ainda é dos pais

De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mais de 1,5 bilhão de crianças e adolescentes ficaram fora das escolas em 188 países pelo mundo nos últimos meses. Apesar de aqui no Brasil a volta às aulas presenciais acontecer de forma gradual e obedecendo aos protocolos sanitários, muitas instituições resolveram consultar os próprios alunos sobre a retomada. Uma decisão assertiva, levando em consideração que o Conselho Nacional de Educação defende que os pais têm o direito de decidir se vão ou não voltar com os filhos para o ensino presencial. O CNE também fala que as escolas não podem punir com faltas aqueles que querem continuar com o modelo de ensino a distância. Os pais, no entanto, devem garantir que seus filhos cumpram com a agenda escolar mesmo em casa.

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